Um segundo apenas, o que não dava por um segundo que fosse, ainda amargo seria doce. Poder ter um segundo, um instante qualquer, efémero e irrepetível, terno e sensível, um daqueles momentos que não se explicam, vivem-se! Um momento invisível, num segundo sem direito a segundo. Sim por há coisas que simplesmente não se repetem. Antes porem nos remetem para o insondável mundo das memórias, e nos fazem viajar por outras tantas histórias. Segundo o que nos fica e fruto do que nos flui… Não passa então de um reflexo do que vi, um esgar do que foi, ou que nunca chegou a ser e por isso acabou por ser.
Um singelo instantâneo perdido nas ondas do tempo, mantido num banco de dados de acesso aleatório, envolto em tempestades electromagnéticas, ao mesmo tempo gerador e fruto de descargas eléctricas. É este segundo que procura o mundo, tenta viver e faz crescer exponencialmente ainda que de forma pouco racional a sede de saber afinal como será sentir o sentido ora orientado e dirigido ou tão depressa desgovernado e perdido.
Com rumo mas sem norte, sem um segundo a perder mas forte, pois não se atrasa nem se adianta pois cada um tem o seu tempo, não fora o tempo o conjunto de cada um de todos, e todos de cada um! Ainda que por vezes não pareça como agora que haja algum…
Um simples segundo, bastava um, ainda que o segundo fosse o primeiro, não deixaria de ser um segundo, e embora fosse um segundo, nada impede que o mesmo seja o primeiro.
Quem sabe se o primeiro de muitos, se o ultimo de poucos, tão pouco importa, o que conta verdadeiramente é viver segundo o que se sente e ainda que breve que seja ardente, sentido que com paixão, aquele desejo que se sente quando se tira os pés do chão. A vontade viva e premente de um segundo depois do primeiro e o anseio pelos demais.
Mas nunca é demais, ainda quando o é, sempre sabe a pouco, parece rápido e fugaz ainda que segundo nos pareça uma eternidade que aconteça, sempre fica a esperança que apareça um segundo mais, um segundo apenas, nada de horas pequenas, só um segundo mais neste mundo, mais um, e outro. Cada um diferentemente igual ao outro, desfere a sua marca e encerra o tempo, ainda que fosse por um segundo o que não dava, ainda que outro.